Terminei de ler A Cabana há pouco mais de uma semana, mas ainda não tinha encontrado tempo para escrever uma breve revisão do livro. Na verdade, não pretendo escrever muito, pois temo acabar estragando a leitura de outras pessoas que porventura ainda não o leram. Trata-se de uma história fictícia escrita por William P. Young para seus seis filhos. O que seria apenas para os filhos de Young acabou sendo publicado por uma minúscula editora e se tornou fenômeno de vendas nos EUA, alcançando o concorrido (e cobiçado) posto de primeiro lugar na lista dos mais vendidos do The New York Times (no Brasil, esta semana, A Cabana está em primeiro lugar na lista de ficção de revista Veja). O livro levantou elogios de gente como Eugene Peterson, Michael W. Smith e da cantora country Wynnona Judd, dentre outros. Por outro lado, muitos o denunciam como perigoso, herético, um “trojan horse” no seio do Cristianismo.Eu gostei de A Cabana, do modo como a história é contada, me emocionei diversas vezes durante a leitura e, quando terminei, fiquei tentado a recomeçá-la de novo. Entendo que muitas pessoas possam pensar que o livro seja herético pela maneira como ele apresenta Deus (a Trindade). Mas sinceramente não encontro heresia nenhuma no livro a esse respeito (Deus é Espírito e livre para se revelar como Ele desejar). Há alguns “escorregões” teológicos (como por exemplo, quando Deus Pai diz que estava junto com Deus Filho quando este morria na cruz), mas não o suficiente para ser tachado de herético.Um argumento que muitos dos que defendem o livro levantam é que se trata de um texto de ficção e não teológico. No entanto, é preciso notar que, apesar de ser uma história fictícia, A Cabana foi escrita com a intenção de apresentar quem/como Deus é - tendo portanto um cunho bem teológico. E a teologia apresentada por A Cabana é que Deus é bom, que Ele ama a todos, que Ele é Soberano, que Ele tem um plano para nossas vidas, que mesmo quando desgraças e tragédias acontecem, podemos confiar nEle. Algumas das palavras colocadas nos lábios de Deus no livro são fruto da cosmovisão do autor (por exemplo, a forte atitude anti-instituição) e é aí que deve entrar o discernimento e bom senso.É importante notar também que o livro foi escrito por alguém que cresceu no campo missionário (TCK - third culture kid ou “criança em terceira cultura”) e isso evidentemente aparece no modo como ele apresenta Jesus e Seu amor por todas as pessoas.Há um momento no texto em que o personagem principal (Mackenzie) está tendo uma conversa com Deus e insinua que Deus parece não se encaixar em um certo modelo. A resposta de Deus é:“Entendo como tudo isso deve deixar você desorientado, Mack. Mas o único que está pretendendo ser alguma coisa aqui é você. Eu sou o que sou. Não estou tentando me encaixar em modelo nenhum.”Um verdadeiro (e amoroso) tapa na cara… Como eu disse, gostei da leitura e agora vou esperar pelo filme.
Por Sandro Baggi

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